A medicina ainda hoje se mantém cega e inalterada por anos e anos, limitando-se a velha física materialista de Newton – que prega que tudo deve ser provado com base em verificação estatística, um efeito que obedece a uma determinada causa. Tudo é justificável à luz da ciência, mas essa ciência – ou conhecimento – está muito, mas muito limitado,ultrapassado e controlado.

Você já observou que quando vamos a um médico vamos na realidade a um “especialista de enfermidade” e não a um “especialista da saúde”?

A chamada medicina holística – holístico refere se ao TODO – em algum momento da história da humanidade foi quebrada, partida, desmembrada, separada em partes… Basta fazer uma pesquisa básica sobre medicina alternativa em todo o mundo e veremos que ela tem base de milhares de anos atrás e sempre deu certo.

O momento de voltar a unir as partes é esse, e devemos rever em que momento da nossa história houve esse desvio e retornar ao caminho novamente. Urge essa mudança de comportamento.

Nas últimas décadas, a medicina avançou a ponto de dar saltos comparáveis com a ficção. Todavia, na proporção em que o arsenal diagnóstico e terapêutico evoluiu, a relação médico-paciente involuiu, atrofiou. Há casos – não poucos – que o paciente sequer tem oportunidade de conhecer o cirurgião que o opera. O diagnóstico, antes feito com base em procedimentos semiológicos, praticados com atenção e contato direto com o paciente, hoje encontra as respostas mais pragmáticas em exames feitos por máquinas.

A medicina se desumanizou, tendo por vezes como protagonista conivente alguns médicos, ministros de seus caprichos. O advento da especialização médica de um lado contribuiu para o acúmulo de maior conhecimento específico em nome da eficiência da conduta médica, mas de outro pode fragmentar a visão do médico em relação a seu paciente, que precisa ser visto como um todo.

Os médicos mais atentos e competentes já concluíram que não se podem aferir os males que afligem as pessoas tão-somente pelas respostas dadas pelas máquinas de diagnosticar. Um ser humano, antes de tudo, quer ser tratado como gente. Precisa de solidariedade, de atenção, de afago no seu ego fragilizado pela doença, além de prescrições medicamentosas ou procedimentos médicos propriamente ditos. A relação causa-efeito, que imprime cientificidade à medicina, precisa saber ler as entrelinhas que habitam o ente que perdeu a saúde.

O saber médico perde poderes se não for aplicado com arte. Hipócrates há quase 2500 anos já ensinava que “medicina é ciência e arte”. Arte de perscrutar as aflições e os anseios daqueles que pretende curar. A. Murri nos oferece uma frase lapidar sobre a atuação do médico: “Se puderes curar, cura; se não puderes curar, alivia; se não puderes aliviar, consola”.

Ao tempo em que o médico deve, sempre, praticar a medicina humanizada, as instituições onde ele atua precisam imbuir-se dos mesmos propósitos, oferecendo ambientes agradáveis, que lembrem saúde e vida – afinal, não é isto que se espera encontrar em uma casa de saúde? Hospitais com cheiro de doença, com arquitetura e cores com cara de hospital devem ser proscritos. Hospital – esta é a proposta atual – deve lembrar hotel onde pessoas se hospedam para tratamento médico. Não é melhor assim?

Impõe-se, portanto, uma convergência de atenções ao complexo biopsicossocial contido no ser humano. Quanto mais fatores causais de doença forem identificados e combatidos, mais curto será o caminho para a cura, o alívio ou o consolo do enfermo.